Gostaria de começar este texto deixando
claro que amo os dois países e que não estou generalizando o assunto que será
abordado logo adiante.
Vamos lá. Desde que o verão começou na
Europa e eu passei a frequentar as praias do Norte de Portugal, reparei em um
costume ou melhor a falta de um hábito nas mulheres e homens de várias
nacionalidades europeias. As praias portuguesas são frequentadas por muitos
franceses, ingleses, espanhóis e brasileiros e o que me chamou mais atenção foi
a simplicidade destes cidadãos em relação aos trajes, costumes, alimentação e
maquiagem.
No Brasil, principalmente nas praias de
Búzios que são as que mais frequento, é comum observar um padrão de mulheres
siliconadas, com biquínis lindos, maquiagem e cabelos feitos e vários
acessórios da moda para criar um look de sucesso. Sim, tem muitas mulheres que
usam maquiagem carregada para ir à praia, enquanto existem outras que só passam
rímel e brilho labial. Nada contra, pois o acredito que cada um faz o que quer,
mas junto com esse comportamento podemos observar algumas questões quando somos
inseridos em uma outra realidade.
Aqui em Portugal, mais precisamente no
Norte do país, as pessoas costumam levar mesas, marmitas completas com tudo que
tem direito, talheres, isopor com bebidas e até mesmo colchão de ar para a
praia. Os portugueses lancham, almoçam, tomam café , dormem, brincam e tentam
economizar bastante quando se trata de comida. Tanto que não se vê com muita
frequência vendedores ambulantes nas praias. Para não dizer que não existe, já
vi um garoto vendendo Bola de Berlim (o nosso sonho recheado) e um senhor
vendendo caixinhas de morango, amora, framboesa e mirtilos.
No começo, achei este hábito de levar tudo
para a praia um tanto esquisito, porque estava acostumada a comprar comida nos
quiosques ou então almoçar em bares por perto, mas depois que vi que era super
comum levar marmita para o passeio no final de semana passei a fazer isto e
gostei.
No Brasil, também existem famílias que
fazem isso, mas muitas pessoas criticam e chamam os que levam comida de
“farofeiros”. Aqui a maioria dos portugueses fazem isso para economizar e
porque tem o costume de se alimentar em casa com comidas mais frescas. Quando
venci meu preconceito inicial e levei uma macarronada caprichada, frutas,
cerveja e biscoitos para a praia, vi que conhecer novas culturas e aprender com
as pessoas é muito enriquecedor e um forte aliado para quebrar barreiras
preconceituosas de assuntos polêmicos.
Não há mal em comer na praia, em querer
economizar e tornar o passeio em um almoço familiar muito interessante. A união
de todos os componentes desta rede de pessoas torna o momento muito mais
prazeroso e inesquecível, até mesmo na hora de arrumar tudo para ir embora. Vi
uma família guardar uma mesa e todos os equipamentos que levaram para a praia
em menos de 5 minutos. Todos os membros ajudaram. Não foi só a mãe, ou a avó.
TODOS.
Outra questão muito interessante em relação
a praia é o fato dos europeus em geral se vestirem mais à vontade com biquínis
e maiôs com um corte simples e elegante. Eles andam a vontade e a grande
maioria não tem vergonha de mostrar as gordurinhas na barriga, coxas e braços.
Não vejo muitas mulheres maquiadas e tão pouco crianças com a roupa toda
combinando. Percebo que há mais liberdade por aqui e que a ditadura da moda,
apesar de ser forte, não consegue destruir certos hábitos antigos dos
portugueses.
Termino este texto dizendo que vergonha é
gastar o dinheiro que não se tem só para mostrar ao outro o quanto você é
melhor do que ele só porque tem uma roupa da moda, ou porque come nos
restaurantes mais bem avaliados do tripadvisor.
O importante é curtir o verão com
liberdade, diversão e alegria.
Beijinhos,
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